A Itália Anonária foi uma diocese do Império Romano tardio, com capital em Mediolano (atual Milão), cujos habitantes tinham obrigação de fornecer provisões, vinho e madeira, à corte, à administração e às tropas estacionadas em Mediolano e em Ravena. Estava subordinada à prefeitura pretoriana da Itália.
Descrição
Sob Constantino, a Diocese de Itália foi subdividida em duas partições administrativas, ou vicariatos, cada uma governada por um vigário da Itália: a Itália Suburbicaria e a Itália Anonária.[1]
A Itália Anonária instituída pela reforma de Constantino em 324 e compreendia a parte setentrional da península Itálica e algumas regiões da Ilíria. Foi subdividida nas seguintes províncias:[nt 1]
As províncias seguintes faziam parte da Itália Anonária durante o governo de Constantino (r. 306–337), mas foram colocadas sob a jurisdição da Diocese da Panônia sob Teodósio (r. 378–395):
A máxima autoridade civil era o vigário da Itália, residente em Mediolano. Numa reforma posterior, o imperador Teodósio II criou uma nova diocese na Ilíria, destacando-a da Itália Anonária.
A diocese parece ter sobrevivido também à queda do Império Romano do Ocidente, porque o vigário da Itália ainda aparece em fontes da época em Gênova no final do século VI. Evidentemente, como sustentou Diehl no passado, o vigário da Itália Anonária, inicialmente residente em Milão, depois da conquista lombarda (569) se refugiou em Gênova. De todo modo, devido à militarização da Itália bizantina, reorganizada no Exarcado de Ravena em seguida à invasão lombarda, e da conquista pelos lombardos, o vigário perdeu muito de sua autoridade, ocupando-se somente da gestão das finanças. Provavelmente o vigário da Itália desapareceu com a conquista lombarda da atual região italiana da Ligúria sob Rotário (643) ou pouco antes.[5]
Notas
- ↑ A fonte primária, o Laterculus Veronensis contém lacunas. Segundo tal fonte, a Itália era subdividida em 16 províncias, mas dessas, só 8 estão listadas (Venetia et Histria, Flaminia et Picenum, Tuscia et Umbria, Apulia et Calabria, Lucania, Corsica, Alpes Cottiae e Raetia). Porena [2]corrige o número de províncias de 16 a 12, hipotizando um possível erro do copista e preenchendo a lacuna com as províncias de Campania, Aemilia et Liguria, Sicilia et Sardinia. Em vez disso, Jones[3] chega a listar 15 províncias hipotizando que Emilia & Liguria e Piceno & Flaminia fossem à época separadas e acrescentando Sannio; Jones nota ainda que se poderia chegar a 16 se a Récia fosse dividida em duas províncias (o que realmente aconteceu, mas na época da Notitia Dignitatum) já na era de Constantino, porém que é mais provável um erro de transcrição do número 16 por parte do copista.
- ↑ Cujo território abrangia também a Transpadânia.
Referências
- ↑ Porena, Pierfrancesco (2013). «La riorganizzazione amministrativa dell'Italia. Costantino, Roma, il Senato e gli equilibri dell'Italia romana». Enciclopedia Costantiniana. Treccani. Consultado em 5 de março de 2022
- ↑ Porena, Pierfrancesco (2013). «La riorganizzazione amministrativa dell'Italia. Costantino, Roma, il Senato e gli equilibri dell'Italia romana». Enciclopedia Costantiniana. Trecacni. Consultado em 12 de março de 2022
- ↑ Jones, Arnold Hugh Martin (1964). The later Roman Empire, 284-602: a social, economic, and administrative survey. Norman: University of Oklahoma Press. ISBN 9780801833540
- ↑ «Roma antica origini e imperatori». Consultado em 29 de fevereiro de 2012
- ↑ Diehl, Charles (1888). Etudes sur l'administration byzantine dans l'Exarchat de Ravenne (568-751). Paris: Ernest Thorin
Ligações externas
Províncias romanas tardias (séculos IV-VII) |
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História |
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Conforme listado no Notitia Dignitatum. A administração provincial foi reformada e as dioceses foram fundadas por Diocleciano (r. 284–305) por volta de 293. As prefeituras pretorianas foram criadas depois da morte de Constantino (r. 306–337). O império foi definitivamente dividido depois de 395. Os exarcados de Ravena e da África foram criados depois de 584. Extensivas perdas territoriais no século VII e as províncias restantes foram reorganizadas no sistema temático por volta de 640-660, embora na Ásia Menor e em partes da Grécia, elas sobreviveram subordinadas aos temas até o início do século IX. |
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