Dimitri Sensaud de Lavaud (Valladolid, 18 de setembro de 1882 — Paris, 21 de abril de 1947) foi um engenheiro, inventor e aviador, de ascendência francesa, nascido na Espanha[3][4] e naturalizado brasileiro, que construiu o primeiro avião nacional e com ele realizou o primeiro voo da América Latina, na vila de Osasco, São Paulo, no dia 7 de janeiro de 1910.[5][6]
História
Dimitri Sensaud de Lavaud veio morar em Osasco em 1898 trazido pelo pai, o barão Evariste Sensaud de Lavaud,[3] que se mudou para o país motivado por oportunidades de negócios[7] e, pela mãe, a russa Alexandrina (Sacha) de Bogdanoff.[2][3] O jovem decidiu construir o que viria a ser o primeiro avião legitimamente brasileiro.
Casou-se em 1903, com a brasileira descendente de franceses, Bertha Rachoud e desta união tiveram três filhos: Georgeth, Robert e Gabrielle.[2]
Dimitri também voou em São Paulo com um outro aeroplano, um Blériot comprado de Giulio Piccolo, aviador italiano que se acidentou e morreu em São Paulo, em 1910. O voo de Dimitri com esse aeroplano, ocorreu na área onde futuramente seria construído o Estádio Palestra Itália, hoje conhecido como Parque Antártica,[8] no dia 19 de fevereiro de 1911.[9][10]
Além de aviador, Dimitri foi um inventor prolífico e um personagem importante do Século XX. Com mais de mil patentes registradas,[5] ele revolucionou a indústria mundial de tubos metálicos e trouxe inovações a outras indústrias, como a automobilística e a própria indústria da aviação.[1] Após naturalizar-se brasileiro (1916), muda-se para o Canadá e, passa a residir definitivamente na França a partir da década de 1920. Em 1925 é condecorado como Cavaleiro da Legião de Honra pela Academia de Ciências de Paris em reconhecimento pelo valor suas pesquisas.[2] Em 1927, em Paris, ele fabricou o Sensaud de Lavaud, um carro com câmbio automático, invenção que só iria se popularizar nos automóveis em fins do século XX.
Preso pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial, Dimitri foi acusado de colaborar com o regime de Adolf Hitler. Foi solto em 8 de junho de 1945, após 8 meses de prisão graças a um esforço da diplomacia brasileira.[2] Mesmo após ser inocentado, nunca recuperou a alegria de viver. Morreu deprimido e empobrecido, aos 64 anos de idade. Seu corpo está enterrado no cemitério de Neuilly-sur-Seine, próximo de Paris.
Aeroplano São Paulo
Com o aeroplano "São Paulo", Dimitri chegou a uma altura de 3 a 4 metros do chão, percorrendo cerca de 105 metros em 6 segundos e 18 décimos, no terreno onde futuramente viria a ser construída a Avenida João Batista.[11] Na ocasião, seu feito foi divulgado amplamente pela imprensa, tornando-o conhecido. Mas, com o passar dos anos, a história foi completamente esquecida, e hoje muitos creditam a realização do primeiro voo latino-americano ao piloto mexicano Alberto Braniff (1884–1966).
Uma réplica do "São Paulo" está conservada no Museu TAM na cidade de São Carlos.[12]
Ver também
Referências
Bibliografia
- ALEXANDRIA, Susana e NOGUEIRA, Salvador. 1910 - O Primeiro Voo do Brasil. São Paulo: Ed. Aleph, 2010. ISBN 978-85-7657-095-0
- NOGUEIRA, Salvador. A saga do primeiro avião brasileiro. Revista Conhecer: Ed. Duetto, abril de 2010.
- CERF, Alain. Dimitri Sensaud de Lavaud – Un ingénieur extraordinaire. Nîmes (França): Editions du Palmier, 2009. ISBN 2360590006
- CERF, Alain. Dimitri Sensaud de Lavaud – An extraordinary engineer. Pinellas Park, Florida (USA): Tampa Bay Automobile Museum, 2010.
Ligações externas