Opunha-se ao cubismo, do qual reconhece a ação renovadora mas contesta o fundamento racionalista e implicitamente realista.
Pretendia ver a Natureza e o Ser Humano a partir das experiências, sensações e sentimentos individuais, mas com um sentido universal, para a construção de uma arte pessoal, fundada na meditação que, tal como disse Kandinsky (fundador e idealizador do grupo), nascesse da necessidade interior.
Sem um programa preciso, mas com uma orientação decididamente espiritualista, Der Blaue Reiter editou uma revista, Almanach der Blaue Reiter, datada de 1912, e organizou diversas exposições. O almanaque foi uma importante afirmação da intenção artística do grupo, que aspirava criar uma nova imagem da história da arte. Incluía ensaios sobre várias linguagens, como um sobre música e texto escritos por David Burliuk, além de pinturas de artistas de Der Blaue Reiter. O material também mostrava o interesse do grupo pelo misticismo. Em suma, os trabalhos de Kandinksy, Mac e Macke, expoente do grupo, declaravam uma crença na eficácia simbólica e psicológica da arte abstrata.[2]
A primeira exposição, entre dezembro de 1911 e janeiro de 1912, ocorreu na galeria Thannhauser, em Munique. Depois ela inaugurou a Sturm-Galeria, em Berlim, e foi vista em Colônia, Hagen e Frankfurt. As obras dos artistas de O Cavaleiro Azul foram complementadas pelas de vários outros, incluindo Heinrich Campendonk, Elizabeth Epstein, J. B. Niestlé, Eugen Kahler, Albert Bloch, os russos David e Vladímir Burliuk, o francês Robert Delaunay e Henry Rousseau, além de trabalhos do austro-húngaro Schönberg.[2]
Essas exposições foram bem recebidas pela classe de artistas, mas foram mal compreendidas por críticos e o público. No prefácio da segunda edição do almanaque, lançado em 1914 (ano de dissolução do grupo), a decepção de Kandinsky fica clara:[2]
Um dos nossos objetivos - na minha opinião, um dos principais - dificilmente foi atingido. Consistia em demonstrar, por meio de exemplos, da justaposição prática e da demonstração teórica, que a questão da forma na arte é secundária, que na arte a questão é algo que diz respeito predominantemente ao conteúdo [...]. Talvez os tempos ainda não estejam maduros para “ouvir” e “ver” neste sentido.[2]
Seu grande objectivo era reunir nestas exposições a vanguarda da arte europeia - artistas alemães, russos, franceses, italianos e outros, superando fronteiras e barreiras nacionais. Era o elemento artístico que deveria preponderar. De qualquer modo seus integrantes sofreram influências dos pintores franceses Cézanne e Matisse.
Como pontos comuns aos principais elementos do grupo, destacam-se: a cor, luminosidade, textura, sentimento, entre muitos outros
A dimensão lírica da cor, a claridade e luminosidade, pura e límpida, podendo ser dura/macia, quente/fria, doce/amarga;
O dinamismo da forma, sobretudo a sua capacidade de fascinar, a sua magia interna, a sua emoção;
A reconquista da pureza da natureza, com tendência emotiva e abstracta da superfície.
O nome Der Blaue Reiter teve origem na paixão de Marc pelos cavalos e no amor de Kandinsky pela cor azul. Para Kandinsky, o azul é a cor da espiritualidade e quanto mais escuro, mais desperta o desejo humano pelo eterno, conforme escreve em seu livro On the Spiritual in Art, (1911). Além disso Kandinsky havia criado uma obra com o mesmo nome (Der Blaue Reiter), em 1903.
Kandinsky relatou em 1930 como o nome do grupo foi escolhido:
Franz Marc e eu escolhemos esse nome enquanto tomávamos café certo dia à sombra no terraço do Sindelsdorf. Nós dois gostávamos do azul, Marc no que dizia respeito aos cavalos, e eu, no que se referia aos cavaleiros. Assim, o nome se impôs naturalmente.
O grupo dissolveu-se com o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914. Franz Marc e August Macke morreram em combate. Kandinsky e Marianne von Werefkin foram obrigados a voltar para a Rússia, em razão da nacionalidade. Também Alexej von Jawlensky teve que fugir e, como alguns outros artistas alemães, refugiou-se em Ascona, Suíça até fim da guerra , quando retornou a Munique. Em 1923 Kandinsky, Feininger, Klee e Alexej von Jawlensky formaram o grupo Die Blaue Vier ("Os Quatro Azuis"), e palestraram juntos nos Estados Unidos em 1924.
Artistas
Franz Marc, Kandisky, Paul Klee, August Macke, Alexej von Jawlensky, Arnold Schönberg, David Burliuk e Natalia Goncharova.