Demósthenes Amós Chilingutila dos Santos (Andulo, 30 de novembro de 1947 — Huambo, 23 de janeiro de 2021) foi um general, diplomata e político angolano. Serviu como Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), braço armado da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), de 1979 a janeiro de 1985 e novamente após outubro de 1986.[1]
Biografia
Nascido na localidade do Andulo, na próvíncia do Bié, em uma família camponesa, seus pais eram António Amós dos Santos e Violeta Lili dos Santos.[2]
Recebeu sua educação primária na Escola da Missão de Camundongo da Igreja Evangélica Congregacional de Angola (IECA).[2] Em seguida, estudou na Escola Técnica Emanuel do Dondi, com formação técnica em comércio.[2] Iniciou sua licenciatura em técnico em elétrica pelo Instituto Comercial e Industrial do Bié (actual Instituto Médio Comercial e Industrial Comandante Simione Mucune), mas somente concluiu em 1973 pelo Instituto Técnico de Luanda.[2]
Entre 1973 e 1974 trabalhou nos CTT de Angola como administrador postal.[3]
Em dezembro de 1974 juntou-se à UNITA, recebendo treinamento na Base Central da UNITA em Massivi, no Moxico.[2] Em seguida foi designado para ser delegado de recrutamentos na base de Cachiungo, na província do Huambo.[2]
Em abril de 1975, após novo treino militar em Massivi, e já durante a Guerra Civil Angolana, Chilingutila serviu nas FALA, o braço armado da UNITA, sendo designado comandante de operações militares na província do Cunene.[2] Teve que recuar para o leste diante do avanço militar das tropas do novo Estado angolano em 1976.[2]
Em 1977 foi promovido a major, sendo eleito para o Comité Central da UNITA e chefe da Coluna Militar Venceremos, que era uma unidade especial as FALA para as províncias de Benguela e do Huambo.[2] De 1977 a 1978 foi comissário político das FALA no Huambo e 2º comandante da Frente Ocidental.[2] Distinguiu-se nas batalhas contra as tropas governamentais do Estado angolano, sendo promovido a tenente-coronel.[2]
Em 1979, Chilingutila foi promovido a coronel e torna-se Chefe do Estado-Maior das FALA, posição que ocupou até 1985 e novamente de 1986 a 1994.[4] Chegou a ser rebaixado a Chefe do Escritório Operacional e do Comando Estratégico para a região de Lunda em 1985 pelos fracassos militares das FALA.[2] Foi substituído por Vinama Chendovava, que morreu num acidente de carro em outubro de 1986.[1] Chilingutila, então, retomou o seu cargo, com a patente de general de divisão.[2]
A partir de 1986 foi um dos associados próximos de Jonas Savimbi.[2] Desempenhou um papel importante na reestruturação das forças armadas da UNITA na segunda metade da década de 1980. Participou activamente em grandes exercícios militares como a Batalha de Cuito Cuanavale.[5]
Entre 1990 e 1991 Chilingutila participou das negociações com o governo sobre um acordo de paz. Foi um dos signatários dos Acordos de Bicesse. Esteve no comitê especial que supervisionou a criação das novas Forças Armadas Angolanas (FAA), juntamente com Higino Carneiro.
Após a crise política de 1992 e o Massacre do Dia das Bruxas, liderou a ala armada da UNITA na Guerra dos 55 Dias.
Em 1994, após o Protocolo de Lusaca, Chilingutila juntou-se às Forças Armadas Angolanas. Em 1996, foi nomeado Vice-Ministro da Defesa e ocupou este cargo até 2008, trabalhando com Pedro Sebastião Mujimbo e Kundi Paihama. Assim, entre 1998 e 2002 participou efectivamente na guerra civil já contra a UNITA.
Em 1998, Chilingutila participou na criação do partido UNITA Renovada, que concordou com a configuração do novo sistema político angolano. A sua criação, aglutinando nomes de peso da UNITA, foi fatal para a estratégia político-militar de Savimbi.[6]
Após a morte de Savimbi e o fim da guerra civil em 2002, Chilingutila voltou a ser membro da UNITA e entrou nos órgãos dirigentes do partido. Foi eleito deputado angolano nas eleições de 2008 e 2012. Foi membro da comissão parlamentar de segurança nacional.[7]
No XIII Congresso da UNITA em novembro de 2019, Chilingutila apoiou Adalberto Costa Júnior na eleição para presidente do partido.[8]
Morreu, em 23 de janeiro de 2021, de enfarto agudo do miocárdio, aos 74 anos, na Clínica Arquidiocesana do Huambo, na cidade do Huambo.[9]
Referências