Ciclosporíase é uma infecção entérica causada pelo protozoário Cyclospora cayetanensis, transmitida pela ingestão de alimentos e água contaminados com fezes. É mais comum em países tropicais e subtropicais com menor saneamento e higiene básicos. Ocorre somente em humanos.
Sinais ou sintomas
A maioria dos casos não tem sintomas. Em pessoas imunodeprimidas, idosos ou crianças pequenas, os sintomas podem começar entre 2 a 11 dias depois da ingestão de alimentos ou água contaminados e podem incluir:
- Diarreia aquosa contínua ou episódios de diarreia alternando com episódios de constipação
- Perda de apetite e perda de peso
- Distensão abdominal, flatulência e arrotos
- Dores de estômago
- Náusea e vomito
- Dores musculares
- Febre
- Cansaço
Diagnóstico
Os ovócitos podem ser identificado em um exame de fezes por sua auto-fluorescência com luz ultravioleta ou por PCR.[1]
Tratamento
Pode melhorar apenas com reposição adequada de líquidos (beber muita água ou soro). Em casos sérios de desidratação ou vulnerabilidade a complicações o tratamento de primeira linha é Cotrimoxazol (nomes comerciais: Bactrim ou Septra).[2]
Epidemiologia
Os primeiros casos de ciclosporíase foram diagnosticados em 1977 por R. W. Ashford em Papua-Nova Guiné, num bebê que apresentava diarreia. O exames fecais indicaram pequenos organismos, cujos cistos só esporulavam após pelo menos 8 dias.[3] Embora Ashford tenha corretamente deduzido que o organismo era um parasita coccidiano, ele errou ao estipular a classificação de quatro esporozoítos por esporocisto, aproximando-o do gênero Isospora.[4]
Na década seguinte, foram relatadas quatro ocorrências da doença, no Haiti (1983), no Peru (1985), nos Estados Unidos, com 4 indivíduos que haviam viajado para o Haiti e o México (1986) e no Nepal, em 55 estrangeiros (1989). Nas quatro não se sabia sobre o estudo de Ashford, e, assim como ele, não se pôde identificar o organismo.[4]
Em 1991, cunhou-se o termo cyanobacteria-like body (CLB) ao parasita dessas ocorrências, então precedidas de diarreia aquosa e explosiva, fadiga, náusea, vômitos, perda de peso e anorexia.[5][6]
Referências
- ↑ «Cyclosporiasis – Diagnosis» [Ciclosporíase – Diagnóstico] (em inglês). Centers for Disease Control and Prevention. Consultado em 20 de abril de 2019
- ↑ «Cyclospora infection – Diagnosis & treatment» [Infecção por Cyclospora – Diagnóstico e tratamento] (em inglês). Mayo Clinic. Consultado em 20 de abril de 2019
- ↑ Ashford, R.W. (1979). «Occurrence of an undescribed coccidian in man in Papua New Guinea» [Ocorrência de um coccidiano distinto em homem na Papua-Nova Guiné]. Taylor & Francis. Annals of Tropical Medicine & Parasitology (em inglês). 73 (5): 497-500. ISSN 0003-4983. PMID 534451. doi:10.1080/00034983.1979.11687291. Consultado em 20 de abril de 2019
- ↑ a b Strausbaugh, L.J.; Herwaldt, B.L. (2000). «Cyclospora cayetanensis: A Review, Focusing on the Outbreaks of Cyclosporiasis in the 1990s» [Cyclospora cayetanensis: uma revisão, focando-se nos surtos de ciclosporíase nos anos 1990]. Oxford Academic. Clinical Infectious Diseases (em inglês). 31 (4): 1040-1057. doi:10.1086/314051. Consultado em 20 de abril de 2019
- ↑ «Outbreaks of Diarrheal Illness Associated with Cyanobacteria (Blue-Green Algae)-Like Bodies – Chicago and Nepal, 1989 and 1990» [Surtos de diarreia associada a corpos semelhantes a cianobactérias (algas verde-azuladas) – Chicago e Nepal, 1989 e 1990]. Centers for Disease Control and Prevention. Morbidity and Mortality Weekly Report (em inglês). 40 (19): 325-327. 1991. PMID 1902548. Consultado em 20 de abril de 2019
- ↑ Long, E.G.; Ebrahimzadeh, A.; White, E.H.; Swisher, Billie; Callaway, C.S. (1990). «Alga Associated with Diarrhea in Patients with Acquired Immunodeficiency Syndrome and in Travelers» [Alga associada a diarreia em pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida e em viajantes] (PDF). American Society for Microbiology. Journal of Clinical Microbiology (em inglês). 28 (6): 1101-1104. ISSN 0095-1137. OCLC 773997078. PMC 267884. PMID 2116443. Consultado em 20 de abril de 2019