Educada na corte milanesa refinada, que no século XV era admirada por toda a Europa, viveu durante os primeiros anos de casada em Roma, amparada pelos bens e títulos conferidos a Girolamo por seu tio, o papa Sisto IV, cumprindo seus deveres de esposa e mãe e desempenhando papéis em geral reservados aos homens. Com a morte de Sisto IV, em 1484, Caterina tomou de assalto o Castelo de Santo Ângelo, na esperança de intimidar os cardeais para sagrarem como novo pontífice alguém de sua família. Fracassando, mudou-se para Forli com o marido. Uma vez lá, caíram vítimas de uma revolta local onde Girolamo Riário foi assassinado (1488) e Caterina foi aprisionada com os seus seis filhos pelos conspiradores.[1] Sua fuga das mãos dos inimigos, deixando os filhos para trás como reféns, ocasionou a história, provavelmente apócrifa, de que, acuada, ela levantou a saia e, mostrando a genitália desnuda, teria gritado para a multidão de que “tinha isto aqui ao seu favor” para produzir mais filhos.[2]
Com a ajuda das forças militares do tio, Ludovico Sforza, Duque de Milão, controlou a rebelião e, na condição de regente, governou Forli com o filho Octaviano.
Participou de inúmeras conspirações e foi vítima de tantas outras.
Entre 1499 e 1500, César Bórgia, a frente de seu exército papal, atacou e dominou Ímola (novembro de 1499) e Forli (janeiro de 1500). Estuprada e humilhada, Caterina e o filho Octaviano foram levados para Roma como prisioneiros. Nessa cidade, após renunciar suas reivindicações políticas, ela amargou um ano de prisão no Castelo de Santo Ângelo.
Libertada, passou o resto de seus dias em Florença a dedicar-se a alquimia e até a compilar um livro de receitas de cosméticos e prescrições médicas. Faleceu em 1509, aos 46 anos, vítima de pneumonia.[3]
O filho de seu casamento secreto (1496) com Giovani de Médici, - Giovanni dalle Bande Nere – herdou o caráter militante e audaz da mãe, que nunca foi distinguida como patronesse da literatura e das artes, comuns as mulheres nobres de sua época. Ao contrário: os historiadores a chamavam de Virago, palavra que significava “mulher guerreira”.[4]
Literatura
E. Breisach, Caterina Sforza, a Renaissance Virago (1967);
Buriel: Vita di Caterina Sforza-Jtiario (Bologna, I7-5);