Scheele trabalhou como farmacêutico em Estocolmo, de 1770 até 1775 em Uppsala, posteriormente em Köping, também na Suécia, onde adquiriu a farmácia (local onde instalou o seu laboratório) da então viúva Sara Pohl, com quem se casou em seu leito de morte. Seus estudos levaram-no à descoberta do oxigênio e nitrogênio, entre 1772-1773, cujo trabalho publicou no seu livro "Chemische Abhandlung von der Luft und dem Feuer" ("Tratado Químico sobre Ar e Fogo") em 1777, perdendo parte da fama para Joseph Priestley, que descobriu independentemente (mas posteriormente) o oxigênio em 1774.
O francês Antoine Lavoisier também reivindicava a descoberta para sí. É dele o termo oxigênio ("Gerador de Ácidos") e Lavoisier o identificava como o "Ar Deflogisticado" de Priestley.
Como muitos químicos da sua época, Scheele frequentemente trabalhou sob condições difíceis e perigosas, que explicam a sua morte prematura, que, curiosamente, foi devida à queda de um vidro contendo solução de ácido cianídrico (HCN), substância que ele mesmo descobriu e que ainda hoje é usada para casos de pena de morte nos Estados Unidos. Outras fontes afirmam que os sintomas referentes à morte de Scheele sugerem envenenamento por mercúrio.
Fatos
Apesar de hoje se ter consciência das descobertas de Scheele para o desenvolvimento da química, muitas dessas descobertas, à época, não lhe foram creditadas. Isso ocorria porque ele não publicava tudo o que fazia ou publicava em periódicos científicos pouco divulgados.
Flogista (veja Flogisto) convicto, e influenciado pela Alquimia, ao estudar o ácido clorídrico, o oxida (termo inexistente na época) com Dióxido de manganês (realiza deste modo, a primeira oxidação), obtendo o seu "Espírito de Sal Deflogisticado".
Hoje o "Gás Cloro" é o conhecido elemento cloro. Com ele, Scheele descobre e prepara, pela primeira vez, os hipocloritos (hipoclorito de sódio e hipoclorito de cálcio), componentes das modernas "Águas de lavadeira" e do "Cloro de piscina".
Por essas descobertas, Scheele poderia ser considerado o verdadeiro descobridor do oxigênio e da oxidação, pois o fizera experimentalmente, antes (1771-1773) de Priestley e de Lavoisier. Quando descobriu o cloro, em 1774, não o reconheceu como um elemento. Ele apenas acreditava que era um composto que continha um dos gases do ar.
Cerca de 30 anos depois, o Inglês Humphry Davy compreendeu que o gás era um elemento. Davy ainda daria o nome ao novo elemento por conta de sua aparência (cloro significa "verde-claro" em grego). Humphry Davy também levou a melhor sobre Scheele na descoberta do bário. O sueco fez o trabalho experimental importante, distinguindo a barita. Cerca de 30 anos depois, novamente, Davy conseguiu isolar o metal branco-prateado bário, que foi denominado segundo a palavra grega barys (que significa pesado).
Na descoberta do molibdênio, Scheele havia obtido uma substância ao qual estava certo de que era um novo elemento, que poderia ser isolado a uma temperatura elevada. Entretanto, o sueco não possuía um forno e passou essa substância a um amigo, Peter Jacob Hjelm, a quem foi creditado a descoberta do molibdênio.
Artigos publicados
Todos os artigos a seguir foram publicados por Scheele em um período de quinze anos.[1]
(1771) Fluospar and its Acid
(1774) "Braunstein" or Magnesia [ Manganese ], two papers
(1775) Benzoin Salt [ Benzoic Acid ]
Arsenic and its Acid
Silica, Alumina, and Alum
Urinary Calculi
(1777) Chemical Treatise on Air and Fire
(1778) Wet Process for Preparing Mercurius dulcis [ Calomel ]
Simple Process for Preparing Pulvis Algarothi [ oxychloride of antimony ]
Occurrence of Rhubarb-earth [see 29] in various Plants
Preparation of Magnesia alba
Fulminating Gold. Corn oil [ Fusel oil ]. Calomel
Air-acid
Lead amalgam
Vinegar-naphtha
Lime. Ammonia or Volatile Alkali
Malic Acid and Citric Acid
Air, Fire, and Water
(1786) The Essential Salt of Galls [ Gallic Acid ]
Nitric Acid
Oxide of Lead. Fuming Sulphuric Acid
Pyrophorus
Peculiarities of Hydrofluoric Acid.
Os artigos de Scheele apareceram primeiro nas Transactions da Academia Sueca de Ciências e em vários periódicos, como Chemische Annalen de Lorenz Florenz Friedrich von Crell. A obra de Scheele foi coletada e publicada em quatro idiomas, começando com Mémoires de Chymie de Mme. Claudine Picardet em 1785 e Chemical Essays de Thomas Beddoes em 1786, seguido de latim e alemão. Outra tradução para o inglês foi publicada pelo Dr. Leonard Dobbin, em 1931.[6][7]
Referências
↑American Druggist (em inglês). Harvard University. [S.l.]: American Druggist Pub . Co. 1886
↑Grefing, Lorentz Ludewig.; Grefing, Lorentz Ludewig; Horrn, Johan Laurentius; Lange, Johan Georg; Lindh, Joh Pehr; Söner, P. A. Norstedt &; Salvius, Lars; Segerstedt, A. J.; Zetterberg, Anders (1778). Kungl. Svenska vetenskapsakademiens handlingar. 39. Stockholm: L.L. Grefing
↑Journal of the Chemical Society: obituaries (L Dobbin), 1952
↑Ferguson, John. «Karl Wilhelm Scheele». Encyclopaedia Britannica. 1902. Consultado em 8 de dezembro de 2017
Fontes
P. Walden: Carl Wilhelm Scheele (geb. 19. Dezember 1742, gest. 21 Mai 1786). Die Chemie (Angewandte Chemie, neue Folge) 55(51/52), S. 379 – 380 (1942), ISSN1521-3757