Canarinho, ou popularmente apelidado de Canarinho Pistola, é o mascote oficial da Seleção Brasileira de Futebol. O primeiro registro de uma ilustração do mascote foi feita pelo cartunistaMangabeira em uma charge da Folha de Minas. Contudo, a versão que ficou mais popular foi a de Ziraldo, apelidada de "Canarinho do Tri" e apresentada primeiramente no Jornal do Brasil, sendo oficializada pela CBD (atual CBF) como o símbolo oficial da seleção na Copa do Mundo FIFA de 1966. Em 2014, com a realização da Copa do Mundo no Brasil, ganhou o status de mascote oficial, e em 2016, houve um redesenho que lhe rendeu seu apelido.
Antecedentes e origem
Tudo começou no início da década de 1950, quando a seleção brasileira optou por mudar as cores principais do uniforme do branco para o amarelo. O motivo foi por conta da derrota por 2–1 frente o Uruguai na partida decisiva da Copa do Mundo FIFA de 1950 - organizada no próprio país - que custou o então primeiro título mundial da seleção. O uniforme utilizado na final, o branco, passou a ser associado à azar e foi substituída definitivamente em 1952, e em 1953 para a Copa do Mundo FIFA de 1954 o jornal carioca Correio da Manhã, junto da CBD, organizaram um concurso para definir as novas cores do uniforme, que deveriam conter as cores da bandeira do Brasil: verde, amarelo, azul e branco.[1][2][3]
O vencedor do concurso foi o jornalista e cartunista gaúcho Aldyr Garcia Schlee, que ao desenhar mais de 100 esboços, chegou na versão final: camisa amarela com mangas e golas verdes, calção azul com detalhes em branco e meias brancas. Com isso, a seleção foi apelidada carinhosamente de "Seleção Canarinho" pelo locutorGeraldo José de Almeida na estreia da seleção na Copa do Mundo de 1954. O motivo foi em referência às penas do canário amarelo. O apelido pegou e, os jornalistas da época passaram à apelidar os jogadores de "canarinhos".[2][3][4]
Por volta desse período, ocorreu o primeiro registro de um desenho do mascote, feito pelo cartunista Mangabeira e publicado no jornal mineiro Folha de Minas, sendo um canarinho humanoide, alto, magro, e pouco parecido com o atual.[2][4] Em 1966, com a criação do mascote Willie - o primeiro mascote da história da Copa do Mundo FIFA[5] - motivou Marco Aurélio Moreira a pedir para o cartunista Ziraldo, criador do O Menino Maluquinho, desenhar um personagem para simbolizar a seleção na Copa do Mundo, o que ele fez, apresentando no Jornal do Brasil o chamado "Canarinho do Tri" cumprimentando Willie. O personagem foi um grande sucesso sendo estampado em cadernos, lancheiras, bonecos e em mais de um milhão de adesivos, sendo até adotado como mascote do Brasil nesta edição, porém, com a eliminação precoce do Brasil, passou a ser visto como "símbolo de azar" e caiu no esquecimento.[2][4]
Depois disso, diversos cartunistas desenharam suas próprias versões do Canarinho que foram publicadas nos jornais da época. Em 1970, com a conquista do tricampeonato mundial, o mascote foi relembrado em figurinhas, charges, e até músicas, por exemplo o sambaVoa, Canarinho de 1982, gravado pelo Maestro Júnior, jogador da seleção e ídolo do Flamengo.[2][4][6] Ao longo dos anos, o Canarinho continuou aparecendo em charges como forma de personificação da seleção brasileira, e na década de 2000, a CBF passou a incluir o mascote nos uniformes e lançou seu próprio boneco de pelúcia oficial.[2][4]
Oficialização e popularidade
Para comemorar o centenário da seleção brasileira, em 2014, a CBF publicou no dia 23 de junho daquele ano em seu site oficial o lançamento oficial do mascote, sendo vendido na loja da Nike, na sede da CBF, localizada no bairro Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, também sendo vendido em outros lugares,[7] embora na nota não ter sido especificado em quais locais. Isso foi no mesmo dia de uma partida contra o Camarões, vencida por 4–1 e válida pela Copa do Mundo do mesmo ano. Relegado até por seus criadores, também não poderia ser comercializado nos locais de jogos do torneio por restrições impostas pela FIFA, e com a goleada sofrida para a Alemanha por 7–1, o mascote acabou desaparecendo.[8]
Nos meados de 2016, começaram a surgir ideias em várias reuniões da CBF sobre a intenção de aproximar a torcida brasileira da seleção, e em outubro foi lançado oficialmente uma versão repaginada do personagem, com uma aparência irreverente, marrenta, patriota e habilidoso, com base no "aspecto cultural do torcedor do futebol brasileiro", principalmente os jovens.[9][10] Gilberto Ratto, diretor de marketing da CBF, afirmou que "reparamos que, para essa [nova] geração, não podia ser um mascote bonzinho e bobinho. Tinha que ser um que combinasse".[10] Ele contou que o mascote Benny the Bull, do Chicago Bulls, serviu de inspiração para formar a personalidade do Canarinho. O Galo Doido, do Atlético Mineiro, também serviu de ideia.[4][10] Ratto, sobre a aparência marrenta do Canarinho, também disse:[8]
“
No Brasil, se jogar uma pelada, a final da Copa do Mundo ou qualquer coisa, futebol com a sua família, você já fica com uma cara mais enfezada querendo ganhar, a gente não aceita perder. Precisa ter identificação com o torcedor. Então, não adianta perder e ele estar com cara de feliz da vida. Não tem sentido.
A partir de 2016, se tornou um meme nas redes sociais, sendo um sucesso nas partidas da seleção e foram criados vários perfis extraoficiais, como no Twitter (atual X). Gilberto Ratto, perguntado sobre se os perfis incomodavam a CBF, afirmou que não, dizendo que não brigavam pelos direitos de imagem, e que "ajudavam a divulgar o mascote, embora exagerassem nos palavrões".[4][8][10]
Pela sua aparência, atraiu o interesse e curiosidades dos brasileiros, recebendo o apelido de "Canarinho Pistola", embora a CBF não utilizasse, e inclusive, em 2018 a CBF chegou à auxiliar a TV Globo não utilizar o termo durante suas transmissões.[4][8][12] Embora isso, Ratto diz não incomodar a CBF, garantindo que: "Somos uma entidade séria, então não podemos utilizar o termo. Só usamos o nome Canarinho. Mas, não, não nos incomoda de maneira alguma".[10]