Caminho de desejo

Um típico caminho de desejo
Linha de desejo em Lisboa. A passagem «oficial» é contornada pela linha mais frequentada por peões.

Um caminho de desejo ou linha de desejo é um caminho criado como consequência do tráfego pedonal ou animal através de locais com vegetação. Normalmente representa o caminho mais curto ou de mais fácil acesso entre dois pontos. A sua largura e o grau de erosão do solo são indicadores da quantidade de tráfego pedonal ou animal que lá passa. Estes caminhos surgem como atalhos quando as alternativas são demasiado longas, dão demasiadas voltas, ou não existem.

Os caminhos/linhas de desejo são invisíveis em solo artificializado em meio urbano mas facilmente observáveis em locais com vegetação ou cobertos por neve[1].

Em meio natural

Estudos sobre caminhos de desejo mostraram em grande parte que os impactos nos solos e na vegetação ocorrem rapidamente, a partir da utilização mais precoce das linhas de desejo. Quinze passagens podem ser suficientes para ver o aparecimento de um trilho distinto, o que depois atrai outros utilizadores para o mesmo percurso[2].

As autoridades desenvolveram múltiplas técnicas para bloquear a criação de linhas de desejo, como cercas, áreas de vegetação densas ou sinalização. No entanto, os caminhantes continuam a ultrapassar estas barreiras. Como resultado, são feitas tentativas para evitar a necessidade de criar barreiras e restrições convergindo caminhos oficiais e linhas de desejo, através, por exemplo, da consciencialização do público.

Em meio urbano

A imagem dos caminhos criados pelos peões é para alguns uma metáfora para a luta entre a terra e o betão, o anarquismo, o design intuitivo ou a sabedoria das multidões.[3][4][5][6]

No planeamento urbano, o conceito de linhas de desejo pode ser usado para análise de tráfego e percursos. Por exemplo, a sua utilização foi feita durante o Estudo de Transportes Públicos de Chicago em 1959 para descrever as escolhas feitas entre a ferrovia e o metro.

Em outros contextos

No design de software, o termo é usado para descrever as ações realizadas por alguns utilizadores de forma a contornar as limitações do software que usam.[7] Um exemplo representativo é o Twitter, que "abriu" uma série de linhas de desejo integrando-as no serviço, incluindo citações, hashtags e discussões em grupo.

Referências

  1. Olivier Razemon (15 de janeiro de 2017). «La « ligne de désir », ou la ville inventée par le piéton». transports.blog.lemonde.fr. Consultado em 18 de janeiro de 2017 .
  2. Bruce Hampton, David Cole (1988). Soft paths : how to enjoy the wilderness without harming it (em inglês). Harrisburg, PA: Stackpole Books. ISBN 0-8117-2234-1 
  3. William Lidwell, Katrina Holden, Jill Butler (2010). Universal principles of design: 125 ways to enhance usability, influence perception, increase appeal, make better design decisions, and teach through design (em inglês). [S.l.]: Rockport Publishers. 272 páginas. ISBN 978-1-59253-587-3 
  4. Donald Norman (2010). Living with Complexity (em inglês). [S.l.]: The MIT Press. 298 páginas. ISBN 978-0-262-01486-1 
  5. Throgmorton, James e Eckstein, Barbara. «Desire Lines: The Chicago Area Transportation Study and the Paradox of Self in Post-War America». The 3Cities Project (em inglês). Consultado em 26 de maio de 2015 
  6. (em inglês)WGBH: A Cape Cod Notebook - Desire Lines by Robert Finch
  7. Malone, Erin; Crumlish, Christian. «Pave the Cowpaths». Designing Social Interfaces (em inglês). Consultado em 26 de maio de 2015 

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