O cachimbo, também chamado pito,[1] é um instrumento utilizado para se fumar, geralmente tabaco, embora seja utilizado alternativamente para se fumar maconha,[2]haxixe[3] e ópio.[4] Versões mais improvisadas de cachimbos feitos com tubos de policloreto de vinila, latas, canos e embalagens costumam ser utilizadas para se fumar pedras de crack.[5]
É composto de um recipiente, chamado de fornilho, onde se queima o fumo, e de um tubo, chamado de piteira, por onde se aspira o fumo. Além de seu uso como forma de lazer, o cachimbo também é usado como peça religiosa pelos povos indígenas americanos[6] e pelas religiões afro-americanas.[7]
Etimologia
"Cachimbo" deriva do termo quimbundokixima.[1] "Pito" deriva do tupipetï'ar, "tomar o tabaco".[8]
Existem vários formatos[10] de cachimbo, tais como: billiard, o formato clássico da maioria dos cachimbos; apple; bent apple; calabash; bulldog; straight; churchwarden; volcano etc. O 4-Square Billiard é um cachimbo com as laterais do fornilho quadradas e com a haste da piteira também quadrada. Já no formato Square-Panel, as laterais do fornilho são quadradas, mas a piteira é redonda.
As misturas de fumo para cachimbo
Há uma infinidade de misturas de tabacos, também chamadas blends, disponíveis para os fumantes de cachimbos. São, geralmente, feitas com diversas variedades de tabaco: Virgínia, Burley, Cavendish, Latakia, Perique etc.
O tipo Cavendish, por exemplo, caracteriza tabaco de variedade Virgínia, que foi tratado com açúcar ou mel e uma bebida alcoólica, para lhe conferir suavidade. Recebe este nome porque teria sido inventado pelo navegador e corsário Inglês almirantesirThomas Cavendish. O tabaco tipo Latakia é um fumo Virgínia fermentado, seco e defumado com fumaça de folhas de pinheiro ou cipreste. Recebe esse nome porque é originário de e produzido na região de Lataquia, na Síria.
História
O uso do cachimbo para se fumar tabaco teve início nas Américas, no período pré-colombiano. Fazia parte de rituaissagrados dos povos ameríndios significando, para algumas culturas, a união do mundo terrestre (representado pelas folhas) com o celeste (representado pela fumaça). Uma das lendas ameríndias que contam essa relação é a Lenda do Búfalo Branco, pertencente à cultura sioux, que atribui uma origem divina ao cachimbo.[11] O cachimbo era, então, fabricado de madeira ou de argilito. Com a adoção do cachimbo pelos europeus a partir do século XVI, os cachimbos passaram a ser feitos principalmente de barro. No século XVII, se iniciou o uso do meerschaum na confecção dos cachimbos. No século XIX, a urze-molar substituiu o barro e o meerschaum como principal matéria-prima dos cachimbos.
Já o uso do cachimbo para se fumar ópio, maconha e haxixe teve origem há milênios, no Velho Mundo.[3]
O cachimbo na arte
Nas artes, é famosa uma pintura de René Magritte que é intitulada Ceci n'est pas une pipe, que significa "isto não é um cachimbo". Tal pintura pode ser interpretada como expressando uma filosofia relativista, para a qual a imagem da coisa não retrata a coisa em si.[12]Johann Sebastian Bach dedicou, a seu cachimbo, a áriaSo oft ich meine Tobackspfeife, um poema musicado em que o compositor atribui, ao fumar o cachimbo, uma antevisão da imortalidade.[13]
O uso do cachimbo era um característico atributo do personagem Sherlock Holmes. Nas suas histórias, como por exemplo As faias acobreadas, descreve-se Sherlock usando longos cachimbos de cerejeira (porém não do tipo churchwarden) "quando ele está num estado de espírito mais agressivo que meditativo". Em algumas ocasiões, como em O signo dos quatro, Holmes usa um velho cachimbo de raiz de urze-molar. Em outras histórias, como em A liga dos cabeças-vermelhas, Holmes usa um "desagradável" e "desonroso" cachimbo escuro e oleoso de barro. Segundo o doutor Watson, este era o cachimbo preferido de Holmes: "era como um conselheiro para ele" (Um caso de identidade), "a companhia das suas mais profundas meditações" (O vale do terror).
O personagem Popeye usava um cachimbo de espiga de milho.
As expressões "fumar cachimbo com o inimigo" e "fumar o cachimbo da paz" têm o sentido de oferecer uma trégua ou fazer uma tentativa de reconciliação com um adversário. Elas são uma referência ao costumetradicional dos índios estadunidenses de selar tratados fumando-se cachimbo.[15]
Referências
↑ abFERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.307