Bernhard Schultze estudou nas Universidades de Greifswald e Berlim, sendo nesta última nomeado em 1851 para sub-assistente da clínica cirúrgica que Bernhard von Langenbeck dirigia em Berlim.
Schultze sentia-se mais atraído para a Medicina prática e em 1854 começou a trabalhar como assistente na Clínica Obstétrica Universitária de Berlim (Universitätsfrauenklinik zu Berlin) sob a direcção de Dietrich Wilhelm Heinrich Busch. Em 1856 obteve a agregação na especialidade de ginecologia e passou a ser docente universitário (Dozent) de Obstetrícia e Ginecologia.
Em 1858, após a morte de Dietrich Busch, o professor Eduard Arnold Martin, até então director da Clínica Obstétrica da Universidade de Jena, foi convidado para dirigir a clínica homóloga berlinense, deixando o lugar vago em Jena. Pouco tempo depois Schultze foi convidado a substituir Martin em Jena, o que aceitou.
A partir de 1858 passou a dirigir a Clínica Obstétrica Universitária da Friedrich-Schiller-Universität Jena passando a assegurar a respectiva cátedra. No semestre de inverno de 1864/1865 coube ao professor Bernhard Sigmund Schultze exercer as funções de reitor da Alma Mater de Jena.
Nos anos que praticou e ensinou Medicina em Jena, Bernhard Sigmund Schultze granjeou especial mérito pelo seu trabalho sobre os métodos de exame ginecológico, pelo desenvolvimento de uma técnica de ressuscitação de recém-nascidos vítimas de asfixia e por diversos avanços no tratamento de doenças do útero. Também se notabilizou no estudo e desenvolvimento de técnicas de obstetrícia a utilizar pelas parteiras. Gustav Döderlein, que entre 1946 e 1959 foi também professor (Ordinarius) em Jena, considerou Schultze como o reformador da obstetrícia na Alemanha e o fundador da ginecologia moderna.
Na sua obra intitulada Über die anomale Duplicität der Axenorgane (Sobre a anómala duplicidade dos órgão axiais) Schultze descreve pela primeira vez que o útero surge na fase embrionária a partir de dois focos. Em 1866 publicou pela primeira vez um método de reanimação neonatal por oscilação, considerada muito bem sucedido e ainda em uso.
Em 1903 aposentou-se das suas actividades académicas, mas sem que antes tivesse garantido que teria como sucessor o seu discípulo Felix Skutsch. A 27 de Março de 1903 foi-lhe concedido o título de membro do Conselho Privado (Wirklichen Geheimen Rat) e dado o título de cidadão de honra de Jena. Em 1912 foi-lhe concedido a prerrogativa de acrescentar «Jena» ao seu nome de família, com a possibilidade de transmissão aos filhos, como reconhecimento da sua ligação e serviços prestados à Universidade de Jena. Por essa razão a família passou a usar o patronímico Schultze-Jena.
Bernhard Sigmund von Schultze-Jena faleceu com 91 anos de idade em Jena. Algumas das suas obras fazem parte da colecção guardada nos arquivos da Akademie gemeinnütziger Wissenschaften zu Erfurt, de Erfurt.
Epónimos
O seu nome é utilizado como epónimo em algumas técnicas médicas que lhe são atribuídas, nomeadamente:
Ueber die Lageveränderungen der Gebärmutter. Volkmann's Slg. klin. Vortr., Breitkopf und Härtel, Leipzig, 1873
Zur Klarstellung der Indicationen für Behandlung der Ante- und Retroversionen und -flexionen der Gebärmutter. Volkmann's Slg. klin. Vortr., Breitkopf und Härtel, Leipzig, 1879
Unser Hebammenwesen und das Kindbettfieber. Volkmann's Slg. klin. Vortr., Breitkopf und Härtel, Leipzig, 1884
Zur Therapie hartnäckiger Retroflexion der Gebärmutter. Slg. klin. Vortr., Breitkopf und Härtel, Leipzig, 1891
Unser Hebammenwesen und die Reformpläne. Volkmann's Slg. klin. Vortr., Breitkopf und Härtel, Leipzig, 1903
Die Axendrehung (Cervixtorsion) des myomatösen Uterus. Volkmann's Slg. klin. Vortr., Breitkopf und Härtel, Leipzig, 1906
Über den Scheintod Neugeborener und über Wiederbelebung scheintot geborener Kinder., J. A. Barth, Leipzig, 1918
Referências
Pagel J: Biographisches Lexikon hervorragender Ärzte des neunzehnten Jahrhunderts. Verlag Urban und Schwarzenberg, Berlin/Wien 1901, 1551–1553, (online)
Gustav Döderlein: Bernhard Sigmund Schultze-Jena, 1827–1919. Reformator der Geburtshilfe und Begründer der modernen Gynäkologie. In: WZUJ, MNR 1957/58, S. 149-153