O PROARMAS, oficialmente Associação Nacional Movimento Pro Armas (AMPA), é uma associação com sede no município de Campo Grande, Mato Grosso do Sul,[1] que alega ter o objetivo de produzir conteúdo sobre armas de fogo e atuar pelo acesso civil às armas de fogo.[2]
O PROARMAS foi fundado pelo advogado sul-mato-grossense, Marcos Pollon que é deputado federal pelo estado do Mato Grosso do Sul.[3]
Ações
O PROARMAS atua fazendo lobby junto a políticos e candidatos,[4][5] escrevendo propostas para o Congresso Nacional do Brasil e até despachando em gabinetes de senadores.[5][6] Apoiaram mais de 50 candidatos às eleições gerais no Brasil em 2022 em troca de cargos no Congresso,[7] logrando eleger 23 parlamentares.[8] O próprio presidente da organização assume que exige um cargo no gabinete de cada político em troca do apoio.[9][10]
Incluindo as eleições estaduais, o PROARMAS apoiou mais de 80 políticos em 2022[11] e, a partir do incentivo de Jair Bolsonaro, o grupo elegeu pelo menos 33 candidatos para cargos de deputado federal, senador e deputado estadual,[12] a maioria pelo Partido Liberal,[8] incluindo seu presidente, Marcos Pollon, amigo íntimo de Bolsonaro.[13] Ao todo, os candidatos declararam R$ 165 milhões em bens.[11]
Do total de candidatos apoiados pelo PROARMAS em 2022, cerca e 31% respondiam na justiça por homicídio, violência doméstica, apologia ao estupro e ao racismo, prevaricação, entre outros crimes.[11]
Lei Rouanet
Durante a Convenção Nacional Pró-armas, em 2022, o então secretário nacional de Incentivo e Fomento à Cultura, André Porciuncula, prometeu R$ 1 bilhão da Lei Rouanet para financiar eventos pró-armas[14] ao lado de Mário Frias, Secretário da Cultura no governo de Jair Bolsonaro, que defendeu uma "guerra cultural".[14] Ambos deixaram seus cargos para poder concorrer pelo PL nas eleições daquele ano.[14] Porciuncula defendeu, ainda, que a arma de fogo deve ser usada para combater o Estado, por exemplo, nas restrições impostas pela pandemia de COVID-19 no Brasil.[14]
Sorteios ilegais
Em 2022 o grupo realizou uma série de sorteios ilegais de pistolas, rifles e fuzis.[15][16][17] Para burlar a fiscalização, utilizavam termos como "furadeira" para se referir a pistolas e "guarda-chuva" para falar de fuzis.[15][16][17] Um dos políticos apoiados pelo PROARMAS,[18] José Figueiredo Barreto, chegou a criar um site especializado nesse tipo de atividade ilegal.[19]
Violência no campo
Os líderes da organização são herdeiros de grandes fazendeiros e tem atuado para armar os grandes proprietários rurais, financiados por empresas e associações do agronegócio.[20] Ministrando cursos e palestras, o PROARMAS ensina aos fazendeiros formas de burlar as restrições legais para poder ter mais armas em suas propriedades e andar com elas, criando clubes de tiro dentro das próprias fazendas,[21] dentro de uma lógica de expansão do agronegócio e violência rural.[22] Com mais armas à disposição, as milícias dos ruralistas tem imposto o terror no campo[23] e vitimando centenas de indígenas[23][24] e trabalhadores rurais.[25]
Ofensiva contra a imprensa
Desde 2021, o Proarmas tem movido dezenas de ações contra veículos de imprensa que divulguem resultados de pesquisas acadêmicas que correlacionem o números de armas e o aumento de criminalidade ou que citem dados oficiais sobre o assunto.[26][27]
Tentativa de atentado a bomba
Na véspera do Natal de 2022, o empresário paraense George Washington de Oliveira Sousa tentou explodir um caminhão de combustível de avião com uma bomba nos arredores do Aeroporto de Brasília[28][29] com a intenção de explodir o aeroporto para justificar um golpe de Estado.[30] O terrorista é CAC e militante do Proarmas[28][31][32] e buscou, inclusive, a ajuda do presidente da organização quando foi preso.[33][34] Apesar de declarar uma renda mensal entre R$ 4 e R$ 5 mil, foi encontrado com ele um arsenal no valor de R$ 160 mil, incluindo pistolas, revólveres, fuzis, carabinas, munições e até dinamite.[28][35] O terrorista declarou à Polícia Federal que, como não tinha a documentação permitindo o transporte das armas, se fosse parado pela polícia, acionaria o Proarmas para tentar justificar sua participação em alguma competição.[28][35]
Manifestação
Primeira edição 2020
Os organizadores alegam que cerca de 5 800 pessoas participaram do ato.[36]
Segunda edição 2021
Na segunda edição de 2021, a Polícia Militar declarou ter interditado duas faixas da via S1.[37]
Terceira edição 2022
A edição de 2022, com cerca de 2 000 pessoas, [38] foi marcada pela propaganda eleitoral antecipada ilegal dos candidatos apoiados pelo PROARMAS. [39]
Quarta edição 2023
O ato foi marcado pelo discurso do deputado Eduardo Bolsonaro, em que este comparou os professores a traficantes[40] e elogiou o PROARMAS por sua vinculação com os ataques de 8 de janeiro em Brasília, afirmando que o grupo fez um "excelente trabalho".[41]
Referências
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- ↑ «O Movimento». PROARMAS. Consultado em 21 de julho de 2023
- ↑ «Grupo pró-armas elege 23 parlamentares e forma 'bancada dos CACs' | Maquiavel». VEJA. Consultado em 22 de outubro de 2023
- ↑ Leal, Caio (20 de junho de 2022). «O Lobby de Armas no Brasil». Metapolítica. Consultado em 21 de julho de 2023
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- ↑ Brito, Aline (9 de julho de 2023). «Eduardo Bolsonaro: pró-armas fez 'excelente trabalho' por ser vinculado ao 8/1». Política. Consultado em 21 de julho de 2023
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