As Farpas foram publicações mensais escritas por Ramalho Ortigão e Eça de Queirós, iniciadas no mesmo ano da realização das Conferências do Casino. Decerto foram inspiradas em Les Guêpes (1839-1849), de Alphonse Karr (1808-1890).[1] As Farpas aparecem em 1871, assinadas por Ramalho Ortigão e Eça de Queirós até o ano seguinte, e somente pelo primeiro até o fim, 1882.[1] Subintitulando-se "O País e a Sociedade Portuguesa", os folhetins mensais d'As Farpas constituem um painel jornalístico da sociedade portuguesa nos anos posteriores a 1870, erguido com bonomia, sentido agudo das mazelas sociais, um alto propósito consciencializador, e uma linguagem límpida e variada.[1]
As Farpas foram, assim, uma admirável caricatura da sociedade da época.[2] Altamente críticos e irônicos, estes artigos satirizavam, com muito humor à mistura, a imprensa e o jornalismo partidário ou banal; a Regeneração, e todas as suas repercussões, não só a nível político mas também econômico, cultural, social e até moral; a religião e a fé católica; a mentalidade vigente, com a segregação do papel social da mulher; a literatura romântica, falsa e hipócrita.[2] As Farpas eram um novo e inovador conceito de jornalismo - o jornalismo de ideias, de crítica social e cultural.[2]
Eça de Queirós publicou suas "Farpas" em 1890, com o título de Uma Campanha Alegre.[1] Ramalho reuniu grande parte de seus folhetins em 1887-1890 (11 volumes organizados por temas). Após a implantação da República, entre 1911 e 1915, Ramalho regressou ao combate com aquelas que seriam as Últimas Farpas, reunidas postumamente em volume em 1916.[1] As páginas que relegou ao abandono foram enfeixadas nos dois volumes póstumos d'As Farpas Esquecidas (1946-1947).[1]
No Brasil, uma seleção d'As Farpas realizada por Gilberto Freyre com prefácio do próprio foi publicada em dois tomos pela Dois Mundos Editora Ltda.[carece de fontes]
Referências