Antônio Teodoro dos Santos (Senhor do Bonfim, 24 de março de 1916 - Senhor do Bonfim, 23 de outubro de 1981) foi um poeta de cordel e repentista brasileiro.
Trabalhou inicialmente como garimpeiro, de onde veio sua alcunha de Poeta Garimpeiro.[1] Ganhou notoriedade depois que se fixou em São Paulo na década de 1950, quando passou a publicar seus folhetos pela editora Prelúdio.[2] Até 1965 foi um dos principais autores da Prelúdio,[3] e foi o representante de Senhor do Bonfim no Congresso de Trovadores de 1955.[3]
Um dos primeiros cordelistas e trovadores a atuar em São Paulo, assim como outros pioneiros enfrentou grande preconceito por serem atividades ali consideradas marginais e próprias de gente ociosa.[2] Foi autor de uma extensa lista de títulos, em que geralmente tematiza heróis e anti-heróis populares.[4] Em sua produção podem ser destacados os folhetos Lampeão, o rei do cangaço, João Soldado: o valente que meteu o diabo em um saco e O twist no inferno, todos esses sucessos editoriais; Chico Mineiro, versão romanceada de uma canção sertaneja muito popular; O Jogador na igreja; Vida criminosa de Antônio Silvino; A Luta de Antônio Silvino com o Diabo; Maria Bonita, a mulher cangaço.[3]
Sua obra mais conhecida é Vida e tragédia do Presidente Getúlio Vargas (1954), que vendeu 280 mil exemplares e o tornou famoso,[4] e mereceu uma análise crítica de Raymond Cantel, diretor do Instituto de Estudos Portugueses e Brasileiros da Sorbonne.[1] Segundo a pesquisadora Vilma Quintela, "dada a qualidade de sua produção, o autor merece ser distinguido como um mais expressivos lançados pela editora".[3] É da mesma opinião o pesquisador José Carlos dos Santos, que disseː "Teodoro foi o grande nome dos primórdios do cordel na Prelúdio, tendo sido autor de muitos sucessos".[1] Para Sheila Ribeiro do Carmo, ele foi um dos responsáveis pelo início da "era de ouro" do cordel no Sudeste.[5]
Em 2010 foi homenageado pela Caravana do Cordel, movimento que divulga a poesia popular.[6] Em 2018 o IPHAN incluiu Antônio Teodoro dos Santos no dossiê de registro da literatura de cordel como patrimônio cultural do Brasil, reconhecendo junto com outros sua contribuição à produção, difusão e continuidade histórica dessa literatura.[7] É patrono da Cadeira 7 da Academia Alagoana de Literatura de Cordel.[8]
Referências
- ↑ a b c Santos, José Carlos Cariacás Romão dos. A polifonia do cordel de simbólica católica: contrapondo reducionismos interpretativos. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2010, p. 129
- ↑ a b Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Literatura de Cordel - Dossiê de Registro. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, 2018, pp. 147-148
- ↑ a b c d Quintela, Vilma Mota. O Cordel no Fogo Cruzado da Cultura. Universidade Federal da Bahia, 2005, pp. 129-130
- ↑ a b "Cordelː perfis biográficos". Casa Rui Barbosa. Consulta em 09/03/2023
- ↑ Carmo, Sheila Mayara Ribeiro do. Literatura de Cordelː Uma estratégia para construção da prática pedagógica inovadora no 5º ano de uma escola municipal? Universidade da Madeira, 2016, p. 28
- ↑ "Literatura de Cordel tem semana de palestras e oficinas". Catraca Livre, 23/08/2010
- ↑ Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, p. 3
- ↑ "Jorge Calheiros". Academia Alagoana de Literatura de Cordel. Consulta em 09/03/2023