Andrew Parrott (Walsall, 10 de março de 1947) é um cantor, instrumentista, professor, musicólogo e maestro britânico.
Biografia
Graduado na Universidade de Oxford, é especializado em música pré-clássica e um dos pioneiros do movimento de interpretação desse repertório baseado em pesquisa científica. Na juventude havia atuado em vários conjuntos, e seu primeiro trabalho profissional com a música antiga foi o arranjo de música de cena para a peça Everyman, realizado para a Open University. Depois participou, como membro do coro e instrumentista, do grupo de música antiga mantido pela Universidade de Oxford, onde atuou ao lado de Emma Kirkby e Bernard Thomas.[1] Dirigiu a Schola Cantorum de Oxford de 1968 a 1971.[2] Entrando em contato com o maestro Michael Tippett, que em 1973 dirigia o Festival de Bath, surgiu a ideia de formar um grupo exclusivamente para a pesquisa e interpretação do repertório pré-clássico, resultando na fundação do Taverner Choir, sob a direção de Parrott. Ao mesmo tempo passou a reger o grupo Musica Reservata, fundado por Michael Morrow e John Beckett.[1]
O Taverner Choir logo incorporou uma orquestra e solistas, transformando-se no Taverner Choir, Consort & Players, e com ele Parrott se tornou conhecido e respeitado mundialmente como uma destacada autoridade no campo da música pré-clássica,[3][4] fazendo numerosos concertos e gravando cerca de 60 de discos, principalmente para a EMI. Também participou de muitas produções da rádio BBC. O grupo, contudo, não tinha uma formação muito fixa, adaptando-se às necessidades de cada gravação ou apresentação, e em seus primeiros tempos incluía muitos amadores. Segundo declarou, interessava-lhe mais, naquele período em que o campo recém começava a ser explorado, que os cantores tivessem uma voz de timbre específico, que julgava mais adequado para o repertório em questão, e não fossem presos às convenções então dominantes da prática musical, ainda pesadamente devedora das fórmulas e abordagens românticas. Para ele, os corais profissionais naquele tempo cantavam de um modo que lhe parecia "inaceitavelmente confuso e impreciso". Em 1980 participou da fundação do coro Gothic Voices, cantando na parte do tenor, mas ali permaneceu pouco tempo.[1] Em 2002 foi nomeado diretor musical do conjunto New York Collegium, com instrumentos antigos.[5][4]
Realizou as primeiras gravações mundiais de diversas peças de Machaut, Tallis, Gabrieli, Monteverdi, Purcell, Vivaldi, Haendel e Bach.[6] Sua gravação em 1981 da ópera Dido and Aeneas, de Purcell, recebeu o prestigiado prêmio Diapason d'Or.[7] Em 2011 lançou com os Taverners o CD Trauer-Music: Music to Mourn Prince Leopold, com peças de Bach, louvado por David Vickers, na Gramophone: "O longamente esperado retorno do Taverner Consort & Players e de Andrew Parrott fez-me pular de alegria como uma criança no Natal. Sua reconstrução da música fúnebre de Bach composta para seu patrão em Cothen devolve os Taverners firmemente ao lugar que pertencem — a vanguarda de conceitos baseados em pesquisa e interpretados com assombrosa musicalidade".[8] Em 2013 lançou uma gravação de L'Orfeo, de Monteverdi, comemorando os 40 anos de fundação do conjunto, lançamento que foi aclamado em diversos importantes jornais.[9] O crítico Richard Morrison, escrevendo para The Times, disse que foi "a mais fascinante gravação de Monteverdi dos últimos anos".[3] Em 2014 dois de seus CDs foram incluídos na lista das 168 melhores gravações eruditas em todos os tempos do critico Ivan Hewett, do jornal The Telegraph: Dido and Aeneas, de Purcell, e a Missa em Si Menor, de Bach.[10] No mesmo ano recebeu o Prêmio Lifetime Achievement do Festival de Música Antiga de York pela sua carreira de distinguidas contribuições para a música. Na ocasião, John Bryan, um dos organizadores, assim falou a seu respeito: "Andrew Parrott é uma inspiração para todo tipo de música antiga, desde a Missa de Machaut até o Orfeo de Monteverdi e a música sacra de Bach, e tem sempre lançado uma luz nova sobre peças que pensamos conhecer bem, através de uma investigação detalhada das fontes originais e trabalhando com um grupo de cantores e instrumentistas altamente qualificados".[4] Em 2016 recebeu o Prêmio Gramophone na categoria Música Antiga,[11] premiação que é considerada o Oscar da música erudita.[12] Foi ainda recipiente da RCO Medal do Royal College of Organists, em reconhecimento de "distintas conquistas na regência e na pesquisa do canto coral".[13] Segundo Robert Dyer, crítico de The Globe, "o trabalho de Parrott continua sendo baseado em erudição, inteligência, intuição e uma paixão que às vezes faltam em seus rivais".[5]
Apesar de sua fama residir principalmente no campo da música antiga, desde sempre trabalhou com outros repertórios, que vão até a contemporaneidade. Regeu óperas de Haydn, Gluck e Mozart, de 2002 a 2006 dirigiu o conjunto The London Mozart Players, gravou toda a obra orquestral de Beethoven, e ao longo de vários anos foi assistente de Michael Tippett no festival operístico de Bath, dirigindo um repertório variado. Já conduziu a estreia mundial de diversas obras de jovens compositores britânicos e já foi convidado a reger diferentes orquestras em muitas cidades da Europa, Canadá e Estados Unidos.[4][14] Também conduz master classes, escreveu diversos artigos sobre musicologia, tratando da obra de Bach, Monteverdi e Purcell, é co-editor do New Oxford Book of Carols e autor de The Essential Bach Choir.[14][6]
Referências
↑ abcWilson, Nick. The Art of Re-enchantment: Making Early Music in the Modern Age. Oxford University Press, pp. 80-84; 163-166