Nota: Este artigo é sobre o estado que existiu entre 1920-1936.. Para o grupo religioso da Síria, veja Alauíta. Para a dinastia marroquina, veja Dinastia Alaoui.
O Território Alauíta (em árabe: دولة جبل العلويين, Dawlat Ǧabal al-ʿAlawiyyīn), também conhecido em francês como Alaouites, conforme a seita xiita localmente dominante dos alauíta; foi um território francês após a Primeira Guerra Mundial, na área costeira da atual Síria.[1]
O uso do termo 'Alauíta', em vez de 'Nusayri', foi defendido pelos franceses no início do período de seu mandato, e se refere a um membro da seita religiosa Alauíta, e em 1920, tornou-se o nome da região que os franceses chamavam de "Território Alauíta", que abrigava uma grande população de muçulmanos desta seita.[3]
Geografia
A região era costeira e montanhosa, e lar de uma população majoritariamente rural, altamente heterogênea. Durante o período de mandato francês, a sociedade foi dividida pela religião e pela geografia: as famílias de latifundiários da cidade portuária de Lataquia e 80% da população da cidade, eram sunitas muçulmanos. No entanto, mais de 90% da população da província era rural e os alauítas totalizavam 62% destes.[3]
História
1918-1920
O colapso do Império Otomano no final da Primeira Guerra Mundial (com o armistício de 11 de novembro de 1918) criou uma corrida para tomar o controle de várias províncias do império desintegrado. A partir de 1918, a França ocupou tanto o Líbano e a Síria, sob a liderança do Emir Faiçal I.[3] Em 1920, o crescente sentimento antifrancês dentro do regime levou à criação formal do Reino Árabe da Síria, sob o rei Faiçal I, [4] em 7 de março de 1920. O Reino Árabe da Síria foi inicialmente apoiado pelos britânicos, apesar do protesto francês.[2] Os britânicos retiraram o apoio, no entanto, e em 5 de maio de 1920, o Conselho Supremo Aliado publicou um mandato em que a Síria e o Líbano passariam sob o controle da República Francesa.[4] e que o francês e o árabe seriam os idiomas oficiais. O General Gouraud foi nomeado Alto Comissário dos territórios e Comandante-em-chefe das forças francesas estacionadas lá.[4]
A população do Líbano era decididamente pró-francesa e a da Síria antifrancesa com uma inclinação nacionalista pan-árabe e preocupada que a minoria cristã no país fosse favorecida.[4] A França insistiu que o mandato não era "inconsistente" com o auto-governo sírio; e estes foram forçados a aceitar a inevitabilidade do mandato francês, e o rei Faiçal deixou o país sob pressão francesa em julho de 1920[4] após a Grã-Bretanha retirar o apoio ao seu governo em face das reivindicações francesas.[2]
1920-1922
No início de setembro de 1920, a França dividiu os territórios sob seu mandato com base na população heterogênea, em um esforço pela "autonomia local" das diversas etnias.[4] No entanto, alguns argumentam que os franceses agiram em seus próprios interesses, com a intenção de dividir a população, e assim limitar a propagação do "contágio urbano de agitação nacionalista".[2] Em 2 de setembro de 1920 o "Território dos Alauítas" foi criado com a justificativa de ser religiosamente distinto da população sunita ao redor, sendo uma divisão destinada a proteger os alauítas de maiorias mais poderosas.[4]
Muitos jovens das comunidades rurais alauítas ingressaram nas tropas francesas, se alistando nas "trupes speciales", um subconjunto das forças francesas na Síria".[5] Essas tropas eram forças regionais, recrutadas de populações minoritárias, e muitas vezes usadas para acabar com distúrbios civis.[6]
1927-1936
O Estado Alauíta foi administrado por uma sucessão de governadores franceses de 1920 a 1936.[3] Os proprietários de terra, em sua maioria sunitas residentes nas áreas urbanas da província, eram partidários da unidade com a Síria, no entanto, os franceses eram apoiados pelas numerosas comunidades rurais alauítas.[3]
Em 1930, o Estado Alauíta foi rebatizado de "Governo de Lataquia", a única concessão feita pelos franceses aos nacionalistas árabes até 1936.[3] Em 3 de dezembro de 1936 (em vigor em 1937), o Estado Alauíta foi reincorporado a Síria, uma concessão pelos franceses para o Bloco Nacionalista, o partido no poder do governo semi-autônomo da Síria.[7]
Havia um forte sentimento separatista alauíta na região, mas estes pontos de vista políticos não foram coordenados, isto foi atribuído à maioria dos alauítas serem de camponeses "explorados" por uma classe latifundiária predominantemente sunita residente em Lataquia e Hama,[3] havendo também uma grande sectarismo entre as tribos alauítas.
↑ abcdProvence, Michael. "The Great Syrian Revolt and the Rise of Arab Nationalism." Austin: University of Texas Press, 2005.
↑ abcdefghKhoury, Philip S. "Syria and the French Mandate: The Politics of Arab Nationalism, 1920-1945." Princeton: Princeton University Press, 1987.
↑ abcdefghLongrigg, Stephen Hemsley. "Syria and Lebanon Under French Mandate." London: Oxford University Press, 1958.
↑Rabinovich, Itamar. "The Compact Minorities and the Syrian State, 1918-45." Journal of Contemporary History, Vol.14, No.4: 693-712. Oct, 1979.
↑Burke, Edmund, III. "A Comparative View of French Native Policy in Morocco and Syria, 1912-1925." Middle Eastern Studies, Vol. 9, No. 2: 175-186. Maio, 1973.
↑Shambrook, Peter A. "French Imperialism in Syria, 1927-1936." Reading: Ithaca Press, 1998.