D. Agostinho Manuel de Vasconcelos (Évora, 1584 - Lisboa, Rossio, 29 de agosto de 1641) foi um escritor, historiador e político português do século XVII. Acusado de conspirar contra o rei D. João IV, foi condenado à morte e executado.
Biografia
Nasceu em Évora, no ano de 1584, filho de Rui Mendes de Vasconcelos Casco, 6.º senhor do morgado de Machede (Évora) e de D. Ana de Noronha, filha de D. Gomes de Melo, copeiro-mor do Infante D. Duarte e alcaide-mor de Lamego.
Em 1625, sucedeu a seu irmão D. Diogo de Vasconcelos como 8.º morgado de Machede. Muito próximo do duque de Bragança, D. Teodósio, redigiria o seu testamento, no ano de 1628.[2]
Foi considerado um dos mais relevantes historiadores da sua época, tendo escrito em língua castelhana 3 obras sobre as ações de outras tantas figuras-chave da História de Portugal: D. Duarte de Meneses, 3.º conde de Viana, Filipe I de Portugal e o rei D. João II, sendo esta última biografia traduzida também para a língua francesa e publicada em Paris, em 1641. A propósito deste livro, o escritor D. Francisco Manuel de Melo escreveu - em carta dirigida ao governador do bispado de Portalegre, Manuel Temudo da Fonseca,[4] na qual comenta vários autores portugueses - que "fora tão feliz esta obra, como infeliz o seu autor".
De facto, teve um fim trágico; pois, acusado de tomar parte na conspiração do Marquês de Vila Real contra o rei D. João IV, foi condenado à morte e degolado no Rossio, em 29 de agosto de 1641.
Porém, poucos meses antes, em maio do mesmo ano, havia publicado em LIsboa (também em castelhano, tal como suas anteriores obras) um manifesto em apoio à aclamação de D. João IV. Esta contradição entre a sua posição pública e o crime de traição, por que foi acusado e condenado, levou o historiador Francisco José Caeiro, académico correspondente da Academia Portuguesa de História, a publicar no ano de 1972 um estudo em que procura reabilitar D. Agostinho, apresentando provas que sustentariam a sua inocência e possibilitariam ainda a "reavaliação da obra de um historiador independente, corajoso e de estilo muito elegante".[5]
A sua obra em apologia a D. João IV acabaria por ser traduzida e publicada em português, no ano de 1956.[6]
Família
Era parente próximo do escritor D. Francisco Manuel de Melo, sendo ambos descendentes de D. Gomes de Melo, o acima referido alcaide de Lamego; Francisco, seu bisneto por varonia e Agostinho seu neto materno. Os dois primos, por via do antepassado comum D. Gomes de Melo, descendiam também da família Manuel de Vilhena, senhores de Cheles, motivo pelo qual usavam o apelido Manuel.[7]
Quanto aos Cascos, senhores do morgado de Machede, de que D. Agostinho fora o 8.º titular, haviam trocado o seu apelido original pelo "mais afidalgado" de Vasconcelos, que lhes provinha por via de seu antepassado em linha feminina Lourenço Mendes de Vasconcelos (c. 1400 - c. 1460), senhor da Honra de Nomães (em Ruivães, julgado de Vermoim).
D. Agostinho casou 2 vezes - a primeira das quais com sua prima D. Margarida de Mendonça,[2] filha do governador de Ceilão, Constantino de Sá de Noronha - mas não deixou descendência de nenhum dos casamentos, tendo o morgadio de Machede sido na sequência transferido, por sentença judicial, para um seu distante parente, residente em Estremoz.[7]
↑Silva, Hugo Ribeiro da (2013). «O Clero Catedralício Português e os Equilíbrios Sociais do Poder (1564‑1670)»(PDF). Veritati - Repositório institucional da Universidade Católica Portuguesa. Lisboa. p. 84. Consultado em 25 de dezembro de 2023. Em 1642 Manuel Temudo da Fonseca foi nomeado governador do bispado de Portalegre por D. Rodrigo da Cunha, arcebispo de Lisboa (1635‑1643) e, por isso, metropolita daquela diocese. Tal nomeação foi justificada pela desistência dos capitulares de governarem a diocese