O volume consiste de um prefácio, no qual o autor discute sua escrita de O Senhor dos Anéis, um prólogo intitulado "A Respeito dos Hobbits",[1] e a narrativa principal no Livro I e no Livro II, que se passa na Terra Média.
Nos países lusófonos O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel/ A Irmandade do Anel foi publicado primeiramente no Brasil de maneira extraoficial (Irregularmente) pela editora Artenova dividido em dois volumes, sendo o primeiro intitulado "O Senhor dos Anéis - A Terra Mágica", publicado em 1974 e o segundo "O Senhor dos Anéis - O Povo do Anel", publicado em 1975.[2] A tradução está obsoleta para os dias atuais, contendo alguns termos considerados até mesmo "jocosos".[3]
Com o encerramentos das atividades da primeira editora, a editora WMF Martins Fontes passou a publicar, desta vez oficialmente, o título no Brasil em 1994, com um trabalho editorial mais adequado e bem trabalhado. O livro, desta vez integralmente publicado, teve várias reedições no Brasil pela editora, sendo uma delas com a arte de capa de Geoof Taylor em 2000 e um volume único publicado em 2001. Em 2019 a editora Harper Collins passou a publicar o título no país, com mudanças de tradução em relação à da Martins Fontes que causaram muitas controvérsias entre os fãs na época.[4]
Em Portugal a primeira editora a publicar foi a Europa-América em 1981, com uma tradução preferida até mesmo pelos leitores brasileiros à época.[5]
Título e publicação
Tolkien pensou O Senhor dos Anéis como uma obra de volume único dividido em seis seções que ele chamou de "livros", juntamente com extensos apêndices. A editora original, porém, decidiu dividir o trabalho em três volumes. Foi também decisão da editora nomear o terceiro volume "O Retorno do Rei". Tolkien indicou que teria preferido "A Guerra do Anel" como título, já que revelava menos da história.[6]
Antes da decisão de publicar O Senhor dos Anéis em três volumes, Tolkien cogitava incluir em seu volume único também O Silmarillion. Ele também havia proposto títulos para as seis seções individuais. Dos dois livros que compõem o que se tornou A Sociedade do Anel, o primeiro deveria se chamar "The First Journey"[nota 1] ou "The Ring Sets Out"[nota 2]. O nome do segundo seria "The Journey of the Nine Companions"[nota 3] ou "The Ring Goes South"[nota 4].[6]
Conteúdo
O volume contém um prólogo, para aqueles que não leram O Hobbit, e informações básicas para preparar o cenário do romance. O corpo do volume consiste no Livro I e Livro II.
Prólogo
O prólogo explica que a obra "trata em grande parte de hobbits", contando suas origens em uma migração do leste, seus hábitos como uso da "erva-de-fumo" e de como sua terra natal, o Condado, é organizada. Ele explica a história de O Hobbit, em que o hobbitBilbo Bolseiro encontra o Um Anel, antes na posse de Gollum.[1]
Livro I
A história começa com a festa do 111º aniversário de Bilbo, que mais tarde, ao partir do Condado, deixa seu Anel para que Gandalf o entregue a Frodo.[7] O mago explica a origem d'O Anel, e prova a Frodo que este é o Um Anel de Sauron jogando-o no fogo, que revela versos escritos em élfico.[8] No 128º aniversário de Bilbo, Frodo parte do Condado com seus amigos hobbits: Sam Gamgi, Merry Brandebuque e Pippin Tûk.
Após vários encontros com Cavaleiros Negros, e com Tom Bombadil,[9] os hobbits chegam à Estalagem do Pônei Empinado,[10] em Bri, onde encontram Passolargo, um guerreiro errante, que deseja guiá-los. Os hobbits, porém, se mostram duvidosos até que uma carta de Gandalf os une à caminho de Valfenda.[11]
No caminho, Frodo é golpeado por um dos Nove Cavaleiros Negros,[12] que os perseguem até o Vau do Rio Bruinen, onde uma inundação carrega os Nove rio abaixo.[13]
Livro II
Em Valfenda, Frodo reencontra Bilbo e Gandalf, e Elrond, Senhor de Valfenda convoca um conselho para decidir o destino do Anel. No Conselho estavam presentes Elrond; Erestor; Frodo Bolseiro; Bilbo Bolseiro; Gandalf, o Cinzento; Glóin; Gimli; Legolas; Glorfindel; Aragorn (Passolargo); Boromir e Galdor dos Portos.[14] Frodo se voluntaria a levar o Anel à Montanha da Perdição, para destruí-lo, e Elrond lhe designa oito companheiros, que formarão os nove da Sociedade do Anel, se opondo aos nove Cavaleiros Negros. Assim, Frodo, Sam, Merry, Pippin, Gandalf, Aragorn, Boromir, Legolas e Gimli, representando as pessoas livres do oeste — Elfos, Anãos, Homens e Hobbits, acompanhados de um mago — formam a Sociedade do Anel.[15]
A Companhia segue para o Sul, em direção à Moria, a cidade dos Anãos dentro da montanha, onde entram[16] com intuito de ir a leste sem passar por Isengard, onde Saruman, o Branco, deseja controlar o Anel. Dentro de Moria, a Companhia é atacada por Orques e começam uma fuga.[17] Na ponte da saída ele são surpreendidos por um Balrog, que ao cair da ponte arrasta Gandalf consigo.[17]
Os outros oito seguem para Lothlórien, reino élfico dentro da floresta.[18] Lá, eles são guarnecidos de roupas, comidas e barcos, e conhecem Galadriel, portadora do anel élfico Nenya,[19] que dá um presente a cada membro da comitiva.[20] Eles seguem de barco pelo rio Anduin, até Amon Hen. Lá, Boromir tenta tirar o Anel de Frodo,[21] que foge com Sam para Mordor, desfazendo, assim, a Sociedade.[21]
Membros
A Sociedade do Anel, com nove membros, foi criada em oposição aos nove Cavaleiros Negros de Sauron, e com o objetivo de destruir o Um Anel. Ela se constituía de Frodo Bolseiro, portador do Anel, de Sam Gamgi, fiel companheiro de Frodo, do mago Gandalf, o Cinzento, do elfo Legolas, do anão Gimli, dos homens Aragorn e Boromir, e dos dois jovens hobbits Merry Brandebuque e Pippin Tûk. A Sociedade representa as pessoas livres do oeste — Elfos, Anões, Homens e Hobbits, acompanhados de um mago.[15]
Recepção Crítica
O poeta W. H. Auden escreveu uma crítica positiva no The New York Times, elogiando a empolgação e dizendo: "A invenção de Tolkien é incansável e, no nível primitivo de querer saber o que acontece a seguir, A Sociedade do Anel é pelo menos tão bom quanto Os Trinta e Nove Degraus."[nota 5][22] No entanto, ele disse que o humor leve no início "não era o forte de Tolkien"[nota 6].[22] O livro foi revisto favoravelmente pelo escritor da natureza Loren Eiseley. O crítico literário Edmund Wilson, no entanto, escreveu uma crítica nada lisonjeira intitulada "Oo, Those Awful Orcs!"[nota 7].[23] O romancista H. A. Blair, escrevendo no Church Quarterly Review, afirmou que o trabalho dizia "verdades poéticas"[nota 8], apelando para "arquétipos inconscientes"[nota 9], e que era um livro pré-cristão, mas religioso, com "ecos e ênfase"[nota 10] cristãos.[24] O escritor de ficção científica L. Sprague de Camp, no Science Fiction Quarterly, chamou-o de um romance grande, vagaroso, colorido, poético, triste e aventureiro.[25] O crítico católico Christopher Derrick escreveu em The Tablet que o livro era abertamente mítico, sendo um romance heróico. Em sua opinião, Tolkien exibiu "incrível fertilidade na criação de seu mundo e quase consegue conceber uma dicção elevada"[nota 11].[26] O amigo de Tolkien e companheiro InklingC. S. Lewis escreveu em Time and Tide que o livro criou um novo mundo de romance e "mito sem apontamento alegórico"[nota 12], com um poderoso senso de história.[27]
A romancista Naomi Mitchison elogiou o trabalho em The New Statesman and Nation, afirmando que "acima de tudo, é uma história magnificamente contada, com todo tipo de cor, movimento e grandeza."[nota 13].[28] O poeta escocês Edwin Muir escreveu no The Observer que "A Sociedade do Anel é um livro extraordinário"[nota 14],[29] mas que embora Tolkien "descreva um tremendo conflito entre o bem e o mal... suas pessoas boas são consistentemente boas, suas figuras más são sempre más"[nota 15].[29]
↑"Tolkien's invention is unflagging, and, on the primitive level of wanting to know what happens next, The Fellowship of the Ring is at least as good as The Thirty-Nine Steps.", no original